DENOMINAÇÃO E DENOMINACIONALISMO

09/11/2011 06:44
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Você já imaginou fazer parte de uma igreja onde não existe consenso sobre nada? 

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Embora todos sejam salvos pela graça e por meio da fé em Jesus Cristo ela se divide completamente quando se fala em forma de governo eclesiástico, forma de batismo, dons espirituais, ceia, liturgia, doutrina da salvação, do Espírito Santo...
            Veja bem! Não estou falando de questões secundárias. São definições sem as quais a igreja dificilmente andará bem.
            No final do século da reforma protestante a igreja enfrentou um problema realmente preocupante. Ela começou a mostrar um pouco do quadro imaginado acima.
Isso, realmente incomodava o movimento protestante que era visto como um verdadeira cisma. O estigma era de que carregavam o espírito da divisão. Então, uma solução sábia precisava ser encontrada. Uma solução que mantivesse a unidade protestante ao mesmo tempo que confirmaria seu princípio de liberdade de consciência. E demorou mais um século para que fosse experimentada a teoria das denominações.
            Em suma, a teoria do denominacionalismo neutralizava o efeito nocivo da confusão dentro das quatro paredes. Foi o caminho razoável que a igreja protestante encontrou para não perder a unidade em meio à diversidade.
O denominacionalismo não foi promovido em um espírito de divisão e sim de necessidade. Crentes que se amam e estão igualmente dispostos a cooperar com a causa do evangelho devem ter a humildade de reconhecer que temos sérias limitações para isso.
            Sinceramente, todos somos muito mais intolerantes do que gostaríamos de admitir. Basta avaliar o quanto suportamos ter alguém discordando de nós o tempo todo. Basta avaliar se você estaria disposto a lidar com isso todo dia, ao final de cada culto, depois de cada batismo, depois de cada assembléia administrativa, em cada reunião de oração.
 Não sei se todos tem a humildade para reconhecer isso. Quando ouço alguém falar contra o denominacionalismo me pergunto: será que essa pessoa entende o porque das denominações. Quando alguém olha para as denominações como rivais faço a mesma pergunta novamente.
            O teólogo Hans Kung escreveu que “a coexistência de igrejas diferentes não […] ameaça, por si mesma, a unidade da Igreja. A unidade somente corre perigo pela coexistência que não é cooperação, nem apoio, mas basicamente uma confrontação hostil”.
As duas causas reais da desunião da Igreja são sectarismo (atitude de exclusão) e sincretismo (a corrupção das declarações de fé).
Se o sectarismo é hostil, o sincretismo é sutil. Se o sectarismo se separa, o sincretismo procura se infiltrar. É óbvio que a infiltração tem a tentativa de provar que o denominacionalismo é o problema.
            O denominacionalismo clássico é o aparelho estabilizador do corpo maior - a Igreja. Tal qual originariamente concebido, ele protege a Igreja da rivalidade e divisão enquanto promove a unidade visível do Corpo de Cristo. Haja vista a colaboração que todas as denominações tem feito ao reino de Deus ao longo de sua história.
            Se há críticas contra os reformadores então, gostaria que pensássemos se a nossa geração cristã teria a competência de contribuir melhor para a causa do evangelho. Teríamos a humildade, a maturidade e o engajamento que eles tiveram?
            Penso que ao desprezarmos a importância das denominações estaríamos destruindo uma estrutura que em muito nos beneficia e criando um problema para qual não teríamos uma solução melhor. Tornaríamos a igreja numa torre de babel; faríamos dela uma arena de rivalidades. Traríamos para ela o que os reformadores conseguiram evitar – o divisionismo.
            Se amamos a unidade então cooperemos num mesmo espírito:
  • Denominacionalismo não é rivalidade;
  • Com maturidade entendemos que as diferenças devem ser reconhecidas com humildade, amor e respeito;
  • As diferenças são socorridas pela liberdade de consciência e nossas limitações nos impõe uma estrutura denominacional;
  • Podemos cooperar com uma coexistência produtiva e amistosa nos protegendo de atitudes sectaristas e/ou sincretistas reconhecendo que somos limitados para viver a unidade perfeita. Esse entendimento nos humilha, mas também nos amadurece.
  • Não podemos criar uma união maior pelo caminho da divisão.
“porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.” I Cor 13.9-10
 
Pr. Alberto Wagner