DO BOM E DO MELHOR - II

30/11/2011 07:48
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Um coração grato – A sabedoria do desfrutar
“Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo,” _____________________________________________________
(Sl 92.1)
 
            Ser uma pessoa grata é saber reconhecer todo o bem que outras pessoas nos proporcionam.
Dois fatores determinam o quanto somos gratos
A noção do quanto as pessoas são bondosas para conosco e a noção de quanto mérito nós temos nisso.
            Se pensarmos que o nosso mérito é maior que a bondade dos outros seremos ingratos e veremos tudo o que fazem por nós como mérito; receberemos os favores como dívida dos outros para conosco. Nesse caso, supervalorizamos tudo que fazemos e desvalorizamos tudo que os outros fazem.
            Se pensarmos que a bondade dos que nos abençoam é maior que o nosso mérito, então seremos pessoas sempre gratas, sempre prontas a valorizar o que alguém fizer por nós.
           
O ingrato é cego e o grato é visionário
            A gratidão nos dá a sabedoria necessária para termos a visão de toda bondade que nos alcança – por isso a gratidão é um ato de rendição. Quando a bondade não é mais vista a gratidão desaparece.
            A bondade de Deus nos cerca de maneiras bem claras: família, igreja, comunhão, serviço, edificação, carinho, amor, encorajamento, acolhimento, intercessão, generosidade. Temos sido gratos por tudo isso, ou achamos que merecemos mais ainda?
           
A ingratidão é egocêntrica, a gratidão é outrocêntrica
            Uma boa ilustração é o conto sobre a visão teológica do gato e do cachorro. Ao ver tudo o que o seu dono fazia por ele, o gato se convenceu de que era um deus. só isso explicava o fato de ser tão servido por aquele homem. Por outro lado o cachorro entendia de forma contrária. Alguém que podia fazer tantas coisas por ele só podia ser deus.
Quanto mais se faz pelo gato, mais egocêntrico ele se torna; quanto mais se faz pelo cachorro mais grato se torna.
 
Ser grato também é difícil porque supõe satisfação – estar satisfeito
E todo pecador é um murmurador nato, sempre reclamando, sempre insatisfeito, sempre querendo mais. Não para de se queixar, não para de reclamar – é a síndrome do Lippi: “ô vida, ô céu, ô dia...”. Tudo o que você fizer para agradar um murmurador será inútil. Ele sempre terá uma queixa.
A cegueira, o egocentrismo e a insatisfação são obstáculos sérios para termos um coração grato. Talvez, por isso, o salmista use a expressão “render”. Precisamos vencer o pecado em nosso coração para admitir o quanto somos abençoados pelo próximo; precisamos vencer o pecado em nós para vermos o quanto as pessoas tem sido pacientes e boas conosco; precisamos vencer o pecado do egocentrismo e da murmuração para rendermos graças.
Ser grato é ser justo com as pessoas que de alguma forma, por amor e bondade tem feito algo por nós. E a principal pessoa que tem sido bondosa e amorosa conosco é o próprio Deus.
Portanto, render graças é vencer o pecado do egoísmo em suas muitas facetas para reconhecer o valor dos outros e o valor de Deus para nós.
 
Provar do bom é ter um coração grato onde a bondade e o amor vencem o egoísmo.
Saber desfrutar e não apenas ajuntar
“Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus,” Ecl 2.24
 
            A falta desse discernimento tem feito o esforço de muitos acabar em pura tolice. Vivem ajuntando, ajuntando, ajuntando. Tem um trabalho lucrativo que poderia lhe proporcionar uma vida mais tranqüila e algum conforto, mas não se permitem a isso.
Salomão diz que desfrutar o bem do seu trabalho é um dom de Deus. Equilibrar a disciplina e o esforço necessários para ganhar com a sabedoria para desfrutar.
A armadilha é simples: o bem se torna mais importante que o homem que o alcançou; este mesmo homem teme não alcançá-lo mais, então, se prende ao hábito de ajuntar, ajuntar e ajuntar pelo medo da escassez.
O homem se torna inseguro, passa a trabalhar muito, mas a viver mal. Não desfruta nada e sua alegria se torna o ajuntar.
Devemos trabalhar e também desfrutar o bem desse trabalho.
Um dos problemas mais sérios dos ricos é a insegurança – o medo de perder o que têem.
Então, se você tem coragem para trabalhar, também não tenha medo de desfrutar do bem do seu trabalho. É sábio guardar sempre um pouco, não gastar tudo o que tem, mas também é sábio desfrutar um pouco do que tem alcançado com o seu trabalho.
 
Ter um coração grato a Deus e desfrutar um pouco do que tem alcançado com o seu trabalho é provar do bom e do melhor.
 
Pr. Wagner Saraiva