UMA PESSOA AFORTUNADA

01/03/2013 07:03

“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;"

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(Mateus 5:3)

            Como já vimos Jesus retrata nesses versículos o caráter de uma pessoa que atendeu o chamado ao arrependimento e à fé compreendendo o valor do Reino dos céus.

            Em primeiro lugar essa pessoa é pobre de espírito ou humilde de espírito.

            Jesus não está abordando aqui a situação material, mas espiritual e ela só pode ser reconhecida por aquele que nasce de novo.

            Entenda que também não se trata de como um homem se sente diante de outro homem, mas como um pecador arrependido e salvo se sente diante de Deus.

            Ele foi vivificado em seu espírito e passa a reconhecer sua pobreza espiritual, sua vergonha, sua nudez, sua pequenez, sua imundícia, ou seja, seu estado de total miséria espiritual.

            Esta pessoa é uma afortunada! Segundo Jesus ela é bem aventurada.

            Então há uma queda antes que haja uma elevação, há uma tristeza antes que haja uma alegria. É isso que o evangelho faz com o pecador. Leva-o a perceber seu terrível estado espiritual e o chama à alegria da salvação.

            Esse é o paradoxo do crente: quanta riqueza temos em Cristo ao mesmo tempo em que somos tão pobres em espírito!

Esse paradoxo molda o nosso caráter e nos direciona a uma única atitude: humildade de espírito. Essa atitude, por sua vez nos educa na forma de nos vermos e nos dirigirmos a Deus.

            O hino “Jesus, amante de minha alma” escrito por Charles Wesley diz o seguinte:

Justo e santo é o Teu nome;

Mas eu sou todo injustiça;

Vil e pecaminoso eu sou;

Mas tu és veraz e gracioso.

 

            Os obreiros cristãos mais lembrados na história da igreja são homens modestos e profundamente conscientes de sua pobreza espiritual: Martinho Lutero, Jonathan Edwards, Hudson Taylor, Charles Spurgeon. Todos eles lamentam a probreza espiritual humana. Embora também conscientes da grandeza da obra de Deus realizada por meio deles não havia vaidade em seu caráter.

            Na bíblia vemos essa atitude de humildade em Gideão (Não, não. Isso é impossível. Pertenço à menor tribo de Israel e à menor família dessa tribo.”). O mesmo acontece com Moisés.

Davi diz: “Senhor, quem sou eu, para que venhas a mim?” Isaías lamenta sua pobreza espiritual. Isso é ser humilde de espírito. É a atitude de um salvo para consigo mesmo. Seu ego está completamente destronado por Cristo.

Ainda no VT vemos como Deus mostrou ao rei Nabucodonozor a idéia errada que tinha de si (Dn 4.29-37).

 

No NT os exemplos continuam:

João Batista não se achava digno de levar as sandálias de Jesus. ‘Que Ele cresça e que eu diminua.” João Batista era totalmente avesso ao culto à sua personalidade. Ele não queria ser o centro das atenções, um ícone, um show-man.

            Pedro reconhece sua pobreza espiritual quando diz a Jesus: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.”

            O centurião disse a Jesus: “Eu não sou digno de que o Senhor entre em minha casa.” Isso não é falsa humildade. É o reconhecimento de quão indignos somos diante da grandeza de Jesus e do seu reino.

            Paulo, um homem de vasta cultura, de tremendo potencial mostra ser consciente de todos os seus predicados na carta aos filipenses, cap 3.4-9.

            Em corinto ele foi criticado por alguns que eram mais pobres que ele: “suas palavras são fortes, mas sua presença é fraca”. Nem por isso Paulo quis humilhá-los porque era um pecador arrependido vivendo os valores do reino dos céus – um homem humilde de espírito.

 

            Jesus é o principal mestre da humildade. Ele não era pobre de espírito, mas se auto-esvaziou. Ele nos chama a aprender sobre a humildade. Sobre ter diante de Deus uma idéia correta de si mesmo.

            Um hino antigo dizia:

Nada trago em minha mão.

Só na tua cruz me agarro.

 

            Há uma recompensa para os humildes de espírito: “deles é o Reino dos céus.”

            Os humildes de espírito, pecadores arrependidos que compreendem sua pobreza espiritual sabem que não estão no reino por mérito, sabem que não estão nesse reino por direito.

            Por meio da grande salvação em Cristo alcançamos uma herança eterna nos céus, um reino eterno, dos céus, de Deus, de Cristo e de todos os co-herdeiros.

            Quão afortunados são os humildes de espírito, sentindo sua pobreza aqui, mas bebendo da graça em medida superabundante (Rm 5.17)!

 

Quanta riqueza em Cristo

Para homens tão pobres de espírito

Se eles se sentem indignos e por isso lamentam

Não passam a merecer

Mas será deles o reino dos céus.

Pr. Wagner Saraiva